Fonte: Blog Linguageiro
Isso todo mundo aprende ainda pequeno, quando está sendo alfabetizado, mas pouca gente sabe por quê. A explicação é bem simples: p, b e m são consoantes a que chamamos bilabiais, isto é, são consoantes que, para serem proferidas, os lábios precisam-se tocar.
Logo no primeiro período da minha graduação, cursei uma disciplina chamada Linguística I - Fonética e Fonologia. Durante algumas aulas, os alunos ficavam parecendo um bando de loucos articulando consoantes "no ar". :) A questão é que, para a maioria das pessoas, consoantes são bê, cê, dê, efe, gê, etc., ditas dessa forma. O que acontece, na verdade, é que, na faculdade, eu precisava articular apenas as consoantes. Para os leigos, é como se eu "fingisse" fazer o som que faz a consoante, sabe? Finjo que vou dizer "bê" e, antes de pronunciar o "ê", eu me calo. :)
Pra que serve isso?
Quando articulamos as consoantes dessa forma, percebemos suas semelhanças e diferenças quanto à articulação. As semelhanças entre p, b e m, de uma maneira didática, podem ser explícitas da seguinte forma:
Bilabial
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Nasal
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Vibração das cordas vocais
| |
[p]
|
+
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-
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-
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[b]
|
+
|
-
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+
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[m]
|
+
|
+
|
+
|
Mas por que isso interfere na grafia das palavras?
Quem fala inglês entenderá mais facilmente: tomemos como exemplo a palavra comfort (conforto). A pronúncia correta dessa palavra requer a pronúncia do [m], correto? Esse primeiro "o", ao contrário do que a maioria pensa, não tem som de "o", muito menos de "õ", como supõem muitos falantes do português. Esse primeiro "o" tem um som que fica entre um "ó" (aberto) e um "a" mais fechado, como vocês podem ouvir aqui. Se prestarem bastante atenção a essa pronúncia do Google Tradutor, perceberão que o [m] é, de fato, pronunciado e não nasaliza a vogal anterior a ele.
Assim sendo, na língua inglesa, M pode preceder consoantes que não sejam bilabiais porque será pronunciado como M, não como consoante que apenas nasaliza a vogal anterior. (O mesmo serve para a consoante [n], que, em muitas palavras da língua inglesa, também deve ser articulada e não servirá, na grafia das palavras, como um indicador de nasalidade da vogal.)
Em português, ao contrário, uma consoante [m] (ou [n]) após uma vogal, na mesma sílaba, é sempre para indicar a nasalidade dessa vogal. Em termos de grafia, é o que chamamos de dígrafo, isto é, dois grafemas (letras) para representar um único fonema (som): campo, som, compromisso, canto, menta, conto, etc. O que a ortografia da língua portuguesa tenta, então, é respeitar as regras fonológicas que regem a própria língua, porque essas regras primam pelo menor esforço dos falantes no proferimento dos sons. :)
Viram que nem tudo é tão arbitrário quanto a gente pensa? ;)
Observação:
1 - Quem se interessar mais pelo assunto, pode conferir a página do Centro de Estudos da Fala, Acústica, Linguagem e Música, da UFMG, que traz, de maneira bem didática, uma análise dos sons do português. Lá, é possível ouvir como cada um dos sons da nossa língua são articulados pelo nosso aparelho fonador. Vale a pena! :)
Quem fala inglês entenderá mais facilmente: tomemos como exemplo a palavra comfort (conforto). A pronúncia correta dessa palavra requer a pronúncia do [m], correto? Esse primeiro "o", ao contrário do que a maioria pensa, não tem som de "o", muito menos de "õ", como supõem muitos falantes do português. Esse primeiro "o" tem um som que fica entre um "ó" (aberto) e um "a" mais fechado, como vocês podem ouvir aqui. Se prestarem bastante atenção a essa pronúncia do Google Tradutor, perceberão que o [m] é, de fato, pronunciado e não nasaliza a vogal anterior a ele.
Assim sendo, na língua inglesa, M pode preceder consoantes que não sejam bilabiais porque será pronunciado como M, não como consoante que apenas nasaliza a vogal anterior. (O mesmo serve para a consoante [n], que, em muitas palavras da língua inglesa, também deve ser articulada e não servirá, na grafia das palavras, como um indicador de nasalidade da vogal.)
Em português, ao contrário, uma consoante [m] (ou [n]) após uma vogal, na mesma sílaba, é sempre para indicar a nasalidade dessa vogal. Em termos de grafia, é o que chamamos de dígrafo, isto é, dois grafemas (letras) para representar um único fonema (som): campo, som, compromisso, canto, menta, conto, etc. O que a ortografia da língua portuguesa tenta, então, é respeitar as regras fonológicas que regem a própria língua, porque essas regras primam pelo menor esforço dos falantes no proferimento dos sons. :)
Viram que nem tudo é tão arbitrário quanto a gente pensa? ;)
Observação:
1 - Quem se interessar mais pelo assunto, pode conferir a página do Centro de Estudos da Fala, Acústica, Linguagem e Música, da UFMG, que traz, de maneira bem didática, uma análise dos sons do português. Lá, é possível ouvir como cada um dos sons da nossa língua são articulados pelo nosso aparelho fonador. Vale a pena! :)
autora:Ana Luisa Freitas
Blog:http://linguageiro.blogspot.com.br
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